A arquitetura desempenha um papel fundamental em nossas vidas, moldando o ambiente que nos cerca e influenciando nossa interação com o mundo. No entanto, ao projetar obras ou reformas arquitetônicas, a perspectiva das crianças muitas vezes é reduzida à decoração de seus quartos - o que não é tão positivo.
A abordagem de incluir a vivência das crianças em um projeto de arquitetura como um todo não apenas enriquece a experiência delas no lar, mas também estimula seu desenvolvimento cognitivo, criatividade e senso de pertencimento ao espaço em que vivem.
Dessa forma, a arquitetura pode ser uma aliada na criação de ambientes mais inclusivos e inspiradores para as crianças, que crescem rapidamente e merecem um lar que estimule seu bem-estar e imaginação em todos os cantos.
Talvez um dos primeiros pontos a salientar seja o estímulo à acessibilidade e autonomia espacial das crianças. É importante que se projete os ambientes de modo que a criança seja capaz de se movimentar e interagir com os espaços, sem a necessidade da intervenção constante de um adulto.
Em cômodos voltados especialmente a elas, como seus quartos ou brinquedotecas, é uma ótima ideia que os móveis tenham suas alturas adaptadas: guarda-roupas, estantes, mesas e cadeiras para estudos, entre outros. Quando isso não for possível, incluir escadinhas ou algum tipo de banco que possa auxiliar no alcance dos pequenos é uma boa saída.
Já no caso das camas, que costumam ser o principal item de mobiliário dos dormitórios, é importante garantir que permitam o "ir e vir". Em especial quando falamos de crianças menores, sua mobilidade e liberdade podem ser facilitadas por camas mais baixas ou até mesmo por colchões colocados diretamente no chão.
Outro ponto frequentemente esquecido é o da importância de oferecer um ambiente que favoreça a autonomia emocional da criança, ou seja, que a possibilite tomar decisões sobre a atmosfera do ambiente. Por isso, o ideal é que o quarto das crianças esteja localizado e uma área silenciosa da casa, de modo que ela consiga controlar quando acontecerão os momentos de maior atividade (e, consecutivamente, barulho) e quando o silêncio será a escolha para que ela consiga se concentrar ou até mesmo se acalmar.
Para crianças mais novas, os espelhos estimulam processos como o reconhecimento do próprio corpo, de expressões faciais - e consecutivamente, das próprias emoções - além de auxiliar na compreensão da criança de que ela e a mãe (ou o responsável mais próximo) são serem distintos. É importante lembrar que a altura desse espelho deve ser adequada, podendo ser interessante pensar em uma opção ajustável que acompanhe o crescimento da criança.
Estantes e ganchos podem ser de grande ajuda para organização, assim como bancadas que sejam alcançadas facilmente pelas crianças. A organização externa em muitas situações colabora com a organização interna - no raciocínio e foco, por exemplo - assim como acontece com os adultos.
É indispensável considerar também adaptações voltadas à segurança por toda a casa: protetores de quinas, lacres de gavetas, protetores de tomada, redes de proteção para as janelas entre outros detalhes que, uma vez que não oferecerem mais risco após a criança ter crescido, podem ser facilmente removidos.
Para a iluminação dos quartos, diferentemente de como costuma funcionar para os adultos, é interessante que exista alguma fonte de luz suave que permaneça acesa durante a noite, para assim reduzir o tão conhecido "medo do escuro". Já para área da mesa de estudos, a iluminação pontual com tonalidade branca, facilmente alcançada por meio de luminárias, tem o poder de aumentar a concentração.
Áreas de brincar podem ser muito beneficiadas ao receberem ventilação e iluminação natural. Em especial se considerarmos os tempos atuais, onde vivemos cercados por telas que, em excesso, podem até mesmo atrapalhar o desenvolvimento das crianças, áreas externas são uma ótima alternativa uma vez que incentivam a movimentação do corpo, a criatividade e o contato com a natureza.
Pensando em como incluir os pequenos em seu próximo projeto?
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